Panamá pode ser hub para empresas gaúchas
Produtos do Rio Grande do Sul teriam Certificado de origem panamenho, o que dá acesso a 60 mercados importadores.
Pedro Carrizo
Representantes de empresas e do governo do Panamá desembarcaram em Porto Alegre, no dia 14 de março, com um negócio em mente: fazer do território panamenho um centro de distribuição para empresas gaúchas. Com localização privilegiada na América Central, o país, referência em logística, é considerado uma porta de entrada e saída para o comércio internacional, alcançando os mercados asiático, caribenho e norte-americano com mais facilidade que Sul do Brasil.
Durante dois dias, a comitiva se reuniu com empresários do Estado, principalmente do ramo agrícola e industrial, apresentando o potencial logístico do país e as vantagens de um hub gaúcho na terra estrangeira. “Esse acordo seria mais benéfico para o Rio Grande do Sul do que para o Panamá. Os produtos do hub ganhariam Certificado de Origem panamenho e teriam acesso a 60 países importadores”, diz Marlon Herrera, promotor de investimentos da Proinvex, braço do Ministério do Comércio e Indústria do Panamá, empresa criada com intuito de atrair investimento estrangeiro para o país. “As empresas também poderiam criar estoque no Panamá, o que facilitaria nos processos de exportação”, acrescenta.
Além disso, de acordo com os representantes da comitiva, o Panamá também pretende partilhar seu know how em logística com as empresas gaúchas e, em um segundo momento, trazer investimentos privados em infraestrutura e logística em zonas estratégicas do Estado, como o porto do Rio Grande.
“A gente quer criar um cluster para fazer a interconexão de produtos da América do Sul para Panamá; do Panamá para Malásia; da Malásia à Ásia e vice e versa. Todos vão ganhar com isto”, explica Johnny NG, gerente de desenvolvimento de negócios do Centro Global de Excelência da DHL, empresa internacional de logística. Os acordos, segundo o gerente de desenvolvimento de negócios, estão sendo feitos diretamente entre as empresas e o governo do Panamá.
Promovida pelo Grupo M. Stortti, a missão empresarial panamenha foi à Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) e à Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) buscando parceiros para o hub. Após os encontros, o presidente do Grupo M. Stortti, Maurênio Stortti, declarou que a missão superou as expectativas para os dois lados: “Há negociações para exportação de produtos gaúchos, para a chegada de produtos pelo Panamá e para investimento de empresas panamenhas”. Segundo o presidente, essa relação comercial começaria a partir do setor agrícola.
A América Central é um grande mercado para o arroz em casca e, segundo o vice-presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, há interesse dos arrozeiros gaúchos adentrarem no mercado panamenho, assim como nos mercados da Guatemala e México. A Federarroz inclusive protocolou um pedido para saber os requisitos fitossanitários para exportar para esses países antes da comitiva panamenha pousar no Estado. “Pretendemos viabilizar a exportação de arroz em casca ainda este ano para a América Central”, declarou Velho.
Esta seria a primeira exportação de arroz em casca do Rio Grande do Sul para o Panamá. Segundo dados da Fiergs, o país centro-americano foi o quarto destino das exportações gaúchas em 2018.
Sobre o hub proposto pela comitiva, o vice-presidente da Federarroz declarou que é de interesse da instituição se reunir com os empresários e representantes do governo panamenho para entender melhor a ideia proposta da comitiva.
– Jornal do Comércio